quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sobre a questão do Jogo

Escrevo a todos, mas, de maneira relacionada ao comentário do Beto Fadul sobre o texto, "Pensando nas ações pedagógicas".
O jogo é altamente produtivo para o iniciante, assim como também para o atleta de mais alto nível.
Para se entender o real sentido do fenômeno jogo, é necessário que primeiramente se tenha um conceito básico de jogo.
Vamos lá, entre outras coisas, jogo é tudo aquilo que não é relacionado a atividades obrigatórias, relacionado ao trabalho. Sua abrangência é desde a criança no berço que brinca com um chocalho, passando pelo jogo de sedução, ao levar a namorada ou esposa em um jantar romântico, até os jogos de azar.
O Judô, como prática corporal, é um jogo de luta. O judoca só lutará muito bem, se estiver motivado para isto, seduzido pelo esporte, pela possibilidade de competir, de disputar, de confrontar. Neste caso, a luta para ele é um jogo, faz isso por prazer. Em contra partida, se lutar for apenas para cumprir com uma obrigação, não havendo encanto e sedução, o desempenho do atleta perderá o brilho, cairá em qualidade. Exemplo; é só observarmos o futebol do Ronaldinho Gaúcho, quando ele joga com prazer, vemos um verdadeiro futebol arte.
Tenho plena certeza que, se a teoria do jogo fosse considerada por técnicos desportivos e fisiologistas o rendimento dos atletas seriam muito melhor. Desconfio que o técnico do velocista Usain Bolt domine muito bem isso.
É necessário compreender, que jogo não é sinônimo de displicência, de falta de compromisso. A criança quando brinca de pega-pega, dificilmente ela ficará displicente, ela estará sim concentrada em seu jogo, compromissada com a brincadeira, concentrada em não permitir que a peguem. O Ronaldinho, quando faz jogadas maravilhosas, está comprometido, seduzido, pelo seu jogo de jogar bola. Aí está um dos valores educativos do Jogo.
Outro exemplo; uma criança aprendendo a andar de bicicleta, portanto o jogo é andar de bicicleta. No início seu esforço é para equilibrar o corpo sobre a bicicleta, seguir em uma linha reta, pedalar sem utilizar as rodinhas de apoio. Quando isto for alcançado, seu prazer está em andar, em sentir o vento pasando em seu rosto, em aperfeiçoar cada vez mais sua forma de andar, até chegar o momento que consiguirá soltar as mãos do guidão, subir meios fios, parar momentâneamente e não apoiar os pés no chão, ou seja, jogando ela atinge um alto nível técnico de andar de bicicleta. Quando a bicicleta não lhe causar mais prazer, ela ficará esquecida em algum lugar.
Quanto ao Judô, por favor, não confundam jogo com displicência e falta de disciplina. Alcançar uma performance técnica é necessário, porém isto será muito mais fácil e bem alcançado se o processo for prazeroso, se proporcionar satisfação ao atleta.
O que se torna massante e rotineiro perde o encanto. Repetir uma técnica até a exaustão, pode ser necessário, mas só terá sentido e excelente efeito se for realizado com prazer.
Prof. Cláudio Marcelo de Almeida

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