quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Judô evolui

Participamos nos dias 09 e 10 de abril último da seletiva estadual sub 13, sub 15, sub 17 e sub 20. Representaram jaraguá do Sul os judocas, Caetano Bellato, Henrique Alfredo de Souza, Diego Utpadel, João Casemiro de Oliveira, Natany Pazzetto e Rodrigo Pereira. Os referidos atletas bem que lutaram, mas não conseguiram classificação para integrar a seleção catarinense que participará no próximo dia 23 de abril do Campeonato Sul Brasileiro de Judô.
Na seletiva ficou evidente a facilidade com que os atletas das categorias de base, sub 13 e sub 15 tiveram para se adaptarem as mudanças nas regras de competição.
Não há dúvidas, ficou muito mais prazeroso assistir uma competição de Judô. O que assistimos sábado, foram lutas de alto nível técnico. Com as modificações vistas nas regras de competição, o judô arte, sem dúvida substituiu o Judô força.
Prof. Claudio Marcelo de Almeida

Sobre a questão do Jogo

Escrevo a todos, mas, de maneira relacionada ao comentário do Beto Fadul sobre o texto, "Pensando nas ações pedagógicas".
O jogo é altamente produtivo para o iniciante, assim como também para o atleta de mais alto nível.
Para se entender o real sentido do fenômeno jogo, é necessário que primeiramente se tenha um conceito básico de jogo.
Vamos lá, entre outras coisas, jogo é tudo aquilo que não é relacionado a atividades obrigatórias, relacionado ao trabalho. Sua abrangência é desde a criança no berço que brinca com um chocalho, passando pelo jogo de sedução, ao levar a namorada ou esposa em um jantar romântico, até os jogos de azar.
O Judô, como prática corporal, é um jogo de luta. O judoca só lutará muito bem, se estiver motivado para isto, seduzido pelo esporte, pela possibilidade de competir, de disputar, de confrontar. Neste caso, a luta para ele é um jogo, faz isso por prazer. Em contra partida, se lutar for apenas para cumprir com uma obrigação, não havendo encanto e sedução, o desempenho do atleta perderá o brilho, cairá em qualidade. Exemplo; é só observarmos o futebol do Ronaldinho Gaúcho, quando ele joga com prazer, vemos um verdadeiro futebol arte.
Tenho plena certeza que, se a teoria do jogo fosse considerada por técnicos desportivos e fisiologistas o rendimento dos atletas seriam muito melhor. Desconfio que o técnico do velocista Usain Bolt domine muito bem isso.
É necessário compreender, que jogo não é sinônimo de displicência, de falta de compromisso. A criança quando brinca de pega-pega, dificilmente ela ficará displicente, ela estará sim concentrada em seu jogo, compromissada com a brincadeira, concentrada em não permitir que a peguem. O Ronaldinho, quando faz jogadas maravilhosas, está comprometido, seduzido, pelo seu jogo de jogar bola. Aí está um dos valores educativos do Jogo.
Outro exemplo; uma criança aprendendo a andar de bicicleta, portanto o jogo é andar de bicicleta. No início seu esforço é para equilibrar o corpo sobre a bicicleta, seguir em uma linha reta, pedalar sem utilizar as rodinhas de apoio. Quando isto for alcançado, seu prazer está em andar, em sentir o vento pasando em seu rosto, em aperfeiçoar cada vez mais sua forma de andar, até chegar o momento que consiguirá soltar as mãos do guidão, subir meios fios, parar momentâneamente e não apoiar os pés no chão, ou seja, jogando ela atinge um alto nível técnico de andar de bicicleta. Quando a bicicleta não lhe causar mais prazer, ela ficará esquecida em algum lugar.
Quanto ao Judô, por favor, não confundam jogo com displicência e falta de disciplina. Alcançar uma performance técnica é necessário, porém isto será muito mais fácil e bem alcançado se o processo for prazeroso, se proporcionar satisfação ao atleta.
O que se torna massante e rotineiro perde o encanto. Repetir uma técnica até a exaustão, pode ser necessário, mas só terá sentido e excelente efeito se for realizado com prazer.
Prof. Cláudio Marcelo de Almeida

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sobre o uso eficiente da energia física

Ao iniciar no Judô, o aprendizado dos fundamentos básicos, que são as técnicas de quedas, as de projeções e as de domínio de solo (imobilizações), tendem a promover desenvolvimento físico do praticante. A execução de tais movimentos exigirá o controle das ações motoras, para adequadamente realizá-los, o corpo terá que estar em uma certa posição, exigindo uma série de contrações e relaxamentos musculares, além da coordenação de diversos grupos musculares, assim como o equilíbrio corporal e noção de tempo e espaço. Praticar Judô não se trata de realizar movimentos ininterruptamente, a bel prazer, trata-se de realizar uma série de movimentos, que, coordenados levam a fins específicos, os quais sejam, a execução correta de uma queda, a projeção de um oponente ou ainda, o domínio dele no solo. Desta forma, no Judô, as ações motoras são realizadas sempre almejando algum objetivo, além da simples execução do movimento, é o que Kano conceituou como sendo a busca da máxima eficiência da energia física (SEIRYOKU ZENYO).
Prof. Claudio Marcelo de Almeida

Pensando nas ações pedagógicas

Volto a questão de possibilitar que o aluno se aproprie das técnicas.
Incialmente quero esclarecer um ponto muito importante.
Utilizei anteriormente a expressão "método de ensino". Pensando melhor considero a palavra método um tanto quanto pesada, comprometida com questões ideológicas que não nos vem ao caso neste momento. Portanto ao falar sobre as formas, as maneiras de ministrar aulas de Judô, utilizarei o termo "ações pedagógicas".
Vamos lá...!!

Se pretendemos facilitar apropriação, é necessário tornarmos as ações pedagógicas atraentes, interessantes. O aluno precisa sentir prazer na execução das tarefas, ele deve estar atraído envolvido por elas. Pra isso não basta gostar de Judô. É necessário que a aula ou o treino seja atraente, estimulante. Poucos resistirão ao tédio de um treinamento metódico e monótono. Não há nada mais chato que iniciar um treino sabendo tudo o que vai acontecer do início ao fim. Aquecimento, quedas, entradas de golpe, joga-joga e handori. Uma hora o camarada cansa e acaba desistindo de tudo isso.

Minha opinião é que façamos um bom uso do que mais atrai qualquer pessoa, o jogo, o lúdico. Para explicar sobre este fenômeno e suas contribuições para a aprendizagem, teria que passar horas escrevendo, dando exemplos e mostrando os efeitos, o que não é adequado para a momento. Sendo assim indico aos interessados alguns autores que falam sobre este assundo,entre eles João Batista Freire, Gilles Brougère, Silvana Venâncio, e outros.

Prof. Claudio Marcelo de Almeida

terça-feira, 6 de abril de 2010

Quanto ao ensino

Ensinar é pouco. É necessário propiciar meios para que o aluno se aproprie da técnica.
Quando ensinamos temos duas coisas, uma a técnica, rica em detalhes e outra o indivíduo com toda a sua singularidade. Em um ensino mais tradicional, todos os movimentos (da técnica) devem ser realizados da maneira mais técnicamente desenvolvida. Porém, este método não leva em consideração o aluno, apenas a técnica.
Em uma perspectiva interacionista, ao ensinar deve-se considerar em primeiro plano quem aprende, suas possibilidades e limitações. Estes dois fatores envolvem questões como, experiências anteriores, inserção cultural, meio social, fatores genéticos e outros.
O professor, diante das singularidades do aluno deve fazer o papel de mediador, vacilitando a apropriação de um conhecimento cultural, neste caso, a técnica de Judô. O aluno só aprenderá bem se puder aprender do seu jeito, de sua maneira. Se puder a partir do que aprendeu construir seu própio conhecimento, através de sua corporiedade. Ora, isto que dizer que, o método Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, ou ainda Thiago Camilo, só servem a eles. Qualquer um que tente imitar, fará muito pior, pois está desconsiderando o que há de mais nobre, a individualidade.
Diante disto, cabe ao professor possibilitar ao aluno meios para que desenvolva suas características própria de realizar a técnica.
Para fazer bem é necessário se apropriar da técnica, o que será ou não possibilitado pelo método de ensino.
Prof. Claudio Almeida

Sobre o aprendizado

Aprender uma nova técnica, requer inicialmente paciência, atenção e re-adaptação de várias coordenações motoras já conhecidas.
Com o companheiro parado a frente os movimentos serão realizados de maneira lenta, um a um, passo a passo. Primeiro os movimentos amplos, aqueles que envolvem tronco, pernas e braços. Com o tempo, os movimentos mais refinados, a direção do olhar, a movimento adequado os punhos, a correta rotação dos joelhos, a flexão de perna na medida certa, o desequilíbrio do oponente, a posição dos pés e assim vários outros.
Pode-se observar que para os iniciantes, sejam eles crianças ou adultos, aprender uma única técnica não é coisa fácil, requer muita dedicação. Pior, quando imagina que sabe fazer , tudo volta quase que ao ponto zero, pois em movimento as dificuldades serão outras, envolvendo novas coordenações motoras. Mais difícil ainda será quando o oponente oferecer resistência.
Diante de tudo isso, convenhamos, aprender Judô não é tarefa fácil, requer muita persistência e força de vontade.

Prof. Claudio Almeida

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Bate papo

O Clube Atlético Baependi apóia o desenvolvimento do Judô desde do ano de 1979. A frente da modalidade sempre esteve o prof. Silvio Borges, que desde 1987 conta com a parceria do também prof. Claudio Almeida.
A dupla de professores, tio e subrinho, desenvolvem o Judô não por acaso e sim por opção profissional. Certamente o profissionalismo e o respeito mútuo, faz com que ao longo de tantos anos o Judô de Jaraguá do Sul e região, tenha angariado respeito e algumas centenas de simpatizantes e praticantes.
Em 2010, a dupla Silvio e Claudio continuam a ensinar o Judô em Jaraguá e Guaramirim, a novidade para este ano são dois trabalhos específicos, um deles iniciou no último dia 30/03, a turma FEMININA. Nesta aula a participação é exclusiva das mulheres. Os objetivos são a realização de uma atividade física diferenciada e descontraída, onde aprender Judô não será uma obrigação, mas sim consequência.
A segunda novidade, ainda está por acontecer, dentro em breve deve ser concretizada, é uma turma específica para ex-praticantes. Os objetivos serão de estudar Judô e de condicionamento fisico, porém nesta prática, a luta (handoris) não terá vez.
Prof. Claudio Marcelo de Almeida

Os parámetros teóricos do Judô

A demora foi grande, porém o tempo não é perdido, portanto, continuamos nossa conversa sobre o fundador do Judô.
Jigoro Kano, quando da criação do Judô, vislumbrou a idéia de que esta tinha que ser uma prática de luta física diferente das demais vistas até aquele momento, as quais eram limitadas ao desenvolvimento técnico. Para ele o Judô deveria comtemplar o praticante no plano motor, mas, com ganhos estendidos ao plano intelectual, moral e social.
Visando os objetivos delineados para o Judô e com base no conhecimento que tinha do Ju-jutsu, observou o Professor Kano que a adaptação do antigo Ju-jutsu, imbuída de uma filosofia permeada pelo “SEIRYOKU ZENYO”, que pode ser traduzido como, uso eficiente da energia mental e física, e, pelo “JITA KYOEI”, prosperidade e benefícios mútuos, contribuísse para formação pessoal do indivíduo e consequentemente para a formação de um contexto social e cultural próspero.
A filosofia que foi por ele aliada a prática do Judô não se resumiu a meros parâmetros teóricos, mas tornou-se incutida, impregnada na prática desta atividade. Desta forma, praticar Judô, desde os tempos de sua criação não se resume ao desenvolvimento de uma habilidade física e esportiva, mas amplia-se em ganhos que se estendem além do esporte, que ficam para a vida do praticante, os quais repercutem no plano motor, intelectual e social.
Prof. Ms. Claudio Marcelo de Almeida.